Esse é um assunto delicado e difícil, pois a morte ainda é um tabu na nossa sociedade, mas ela é inevitável e é a grande certeza da vida. Lidar com a morte não é uma tarefa fácil é isso não é diferente no caso dos animais de estimação, infelizmente todo tutor mais cedo ou mais tarde, vai precisar enfrentar esse momento.
O luto envolve uma série de emoções geradas a partir de uma perda, desde as mais corriqueiras, como uma mudança de casa, de escola, de trabalho ou de cidade, até as perdas mais significativas, como uma separação ou morte de um ente querido; é um processo vivenciado quando estamos diante do rompimento de um vínculo afetivo importante.
É um período de recolhimento e introspecção para a adaptação à uma nova realidade e cada indivíduo reage de uma maneira, dependendo de suas experiências pessoais, de sua estrutura psicológica, emocional e do vínculo afetivo existente entre as partes.
O luto passa por alguns estágios, que precisam ser respeitados e principalmente vivenciados:
• Negação: é um mecanismo de defesa, recusa em aceitar a notícia, não aceitar o que está acontecendo, inconformismo diante da situação;
• Raiva: sentimento de revolta, busca de culpados pelo acontecimento;
• Negociação: um desejo de que as coisas voltem a ser como antes, o pensamento do que poderia ter sido feito de forma diferente;
• Depressão: momento em que a “ficha realmente cai”, que se entende a perda e que se avalia como lidar com ela;
• Aceitação: momento em que se passa a lidar com os sentimentos, emoções, impotências e frustrações decorrentes do luto.
Essa sequência não precisa seguir um roteiro e nem um período específico, cada pessoa reage de uma forma e portanto o período de enlutamento também é variado.
Muitos podem banalizar o luto por um pet, mas nós sabemos que existe uma relação muito intima e um vínculo afetivo muito forte entre tutor e o seu animalzinho de estimação, sendo assim, o luto pode ser tão sofrido quanto por um ser humano. Alguns tutores podem se sentir reprimidos no momento do luto por um pet, pelo julgamento alheio, pois parte da sociedade considera “frescura” ou “exagero” o luto pela perda de um animal. Essa incompreensão pode piorar o processo de de luto e frases como: “Era só um bicho” ou “Agora você arruma outro animal” não devem ser dita, pois elas soam como uma violência e podem aumentar o sofrimento do enlutado.
Por mais doloroso que seja, o luto precisa ser vivido para que ele possa chegar ao fim, é necessário passar pelo processo para se alcançar a cura. Sabemos que não há um tempo determinado e que cada pessoa vai passar pelo luto de uma maneira única, mas geralmente o processo dura de 3 meses a 1 ano, podendo se estender até 2 anos. Quando a pessoa estiver muito entristecida, quando o sofrimento estiver se prolongando muito ou quando houver dificuldades emocionais de retomar a rotina é fundamental buscar ajuda especializada.
Ter empatia, entender que o pet é o amor de alguém, respeitar o vínculo afetivo e dar apoio à família nesse período faz muita diferença e
traz conforto aos que estão passando por esse período tão dolorido que é o luto.
Texto: Laura Rocco