A humanização ou antropomorfismo é o ato de atribuir características, sentimentos e emoções humanas a seres que não são humanos.
Passamos por grandes mudanças nas configurações familiares e atualmente os pets ocupam uma posição de destaque na maioria das famílias. Afirma a médica veterinária Laura Rocco.
Na década de 1960, as famílias brasileiras tinham em média 6 filhos e atualmente essa média está em torno de 1,7, de acordo com estudo divulgado em 2018. Com a redução do número de pessoas nas famílias, o ser humano encontrou nos pets uma forma de preencher a casa. E desta forma os animais de estimação saíram dos quintais, deixaram de comer restos de comida e agora reinam dentro de casa.
Mas tudo na vida tem dois lados não é mesmo?
Vamos conversar um pouco a respeito das consequências da humanização e sobre o que há de positivo e negativo nela:
- O lado mais positivo da humanização é certamente o fato de que essa aproximação do ser humano com seu animal
de estimação, trouxe um tratamento mais especifico, mais individualizado, mais conforto no atendimento, melhores estruturas, profissionais que buscam cada vez mais se especializar para melhorar o atendimento desses pets. Além disso sabemos que ela trouxe grande movimentação financeira ao mercado pet, um dos mercados que mais cresce no Brasil. - O lado negativo é que cães e gatos não são bebês, e o excesso de humanização pode trazer sérios problemas de saúde e comportamentais para os pets. É óbvio que os tutores não fazem por maldade, mas quando ocorre um excesso de humanização e os pets passam a ser tratados como crianças, estamos violando um dos cinco pilares do bem estar animal, que diz que os animais devem ser livres para expressar seu comportamento natural.
Os animais devem ser tratados com amor, carinho, cuidado e é justamente por isso que devemos respeitar o comportamento natural de cada espécie, para que haja uma convivência saudável entre o ser humano e os animais.
É papel do médico veterinário auxiliar os tutores, explicando e esclarecendo que a humanização em excesso é muito prejudicial para o pet. Cães precisam cavar, roer, destrinchar, farejar, tudo isso é parte do comportamento da espécie. Gatos precisam arranhar, subir em locais altos, caçar.
O enriquecimento ambiental tem papel importante, tendo como objetivo, tornar o ambiente em que o pet vive, um espaço mais semelhante possível com a natureza, possibilitando que cães e gatos consigam expressar seu comportamento natural dentro de casa.
Texto: Laura Rocco – Médica Veterinária – CRMV 22332/SP